Palavras são perfumaria
e confio em tudo do que as pessoas fazem.

Não confio no que as pessoas falam não porque desconfio
de todo mundo e acho que estão sempre me enganando,
mas porque conheço as limitações da palavra e tenho empatia
com as vacilações da alma.
Não confio no que as pessoas falam porque as pessoas quase
sempre não sabem o que querem e não sabem o que sentem.
Mesmo quando sabem, muitas vezes não conseguem articular verbalmente;
E, mesmo quando conseguiriam articular verbalmente,
muitas vezes não ousam falar, porque têm vergonha,
porque são fracas, porque querem agradar,
porque pegaria mal, porque magoaria alguém.
* * *
Quem diz que ama brócolis mas nunca compra brocólis,
nunca coloca brócolis no prato e,
quando o prato vem com brócolis, não come…
Essa pessoa não ama brócolis.
Essa pessoa não ama brócolis.
Mas, apesar disso, nos nossos relacionamentos amorosos,
inflados de amor e esperança,
desesperados por acreditar e perdoar,
invertemos essa regra e inventamos inúmeras
explicações para o que está bem na nossa frente.
Preferimos mais nos agarrar a um “eu te amo” verbalmente
articulado uma vez do que a mil gestos de abandono,
desprezo, desinteresse, descompromisso ao longo de
semanas e meses.
É o que nos faz humanos.
* * *
É o que nos faz humanos.
* * *
Na verdade, não é nem que não confio no que as pessoas falam:
não me dou nem ao trabalho de ficar duvidando do discurso
das pessoas.
É bem mais simples:
O que a gente fala não conta.
O que a gente fala não conta.
Palavras são perfumaria
pra encher o tempo e evitar o silêncio.
O que conta é o que a gente faz.
ALEX CASTRO
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have a nice good day
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